domingo, 27 de março de 2011

Onde pára o prometido desenvolvimento económico?

“Muitos foram aqueles que ao longo dos últimos anos “venderam” a ideia de ser o IP6 a tábua de salvação do concelho de Mação: vai aproximar-nos dos centros mais desenvolvidos, esbater assimetrias existentes entre o litoral e interior, trazer até nós mais empresas e mais turistas. Em suma, arrastará consigo e por si só o desenvolvimento.

Ainda recentemente, aquando da apresentação da sua candidatura à CMM, o actual presidente subscrevia esta ideia, quando afirmava nas páginas deste jornal que “um dos objectivos do meu mandato passa por alargar a base económica do concelho. O IP6 vai contribuir muito para esse objectivo. Têm existido muitos contactos do exterior, procurando saber o que temos para oferecer”.



Mas será que o IP6 vai ter um impacto assim tão positivo no desenvolvimento de Mação? Na minha perspectiva isso poderá efectivamente vir a acontecer, embora não seja tão linear como parece à primeira vista; inclusive, poderá até acontecer que, contrariamente às expectativas de muitos, esse impacto venha a ser negativo.

O factor que poderá gerar este efeito perverso é tão somente a falta de poder de atracção que Mação revela actualmente, que poderá levar a que as pessoas, aproveitando a facilidade e rapidez de deslocação, se sintam mais tentadas a procurar locais com um nível de atracção mais elevado. A este propósito, recupero aqui uma pequena passagem do meu primeiro artigo publicado neste jornal, em Fevereiro de 2000:

“O IP6, ao quebrar as barreiras de isolamento que ainda cercam Mação, encurtando as distâncias para os centros mais desenvolvidos, irá contribuir para o desenvolvimento. Mas atenção! A realidade diz-nos que esse encurtamento de distâncias tem um risco que não deve ser desprezado à partida: a aproximação faz-se nos dois sentidos, se é mais fácil chegar a Mação, também será mais fácil sair dele.”

Peguemos no caso concreto de Abrantes, que é a “ameaça” mais próxima. Há pouco tempo atrás, a viagem demorava quase 1 hora e era maçadora devido ao mau estado da estrada e às constantes curvas; para muitos, ir lá quase só acontecia em situações de grande necessidade (p.e. ir ao médico).

Com o IP6 a situação alterou-se significativamente: o tempo que antes se gastava numa viagem, dá hoje para ir, comprar o jornal, beber um café e regressar calmamente. Em face desta realidade, quantos maçaenses não passarão a deslocar-se mais frequentemente a Abrantes, seja para ir trabalhar, fazer compras ou simplesmente passear? Com toda a certeza muitos mais do que dantes. E quando essas pessoas se deslocam a Abrantes para beber um simples café ou adquirir um cabaz de compras, em detrimento do fazerem em Mação, estão a “transferir riqueza” para lá.

Como é óbvio, esta situação trará efeitos negativos para a actividade económica de Mação porque, infelizmente para nós, o fluxo inverso não irá aumentar do mesmo modo. Embora a auto-estrada também permita às pessoas de Abrantes chegar a Mação em 20 minutos, não serão muitas aquelas que descortinam razões suficientemente fortes para o fazer.

É este, pois, o grande perigo que, pelo menos a curto prazo, o IP6 comporta: a incapacidade de Mação, e de outros concelhos semelhantes, para resistir à forte atracção que já se faz sentir a partir dos centros mais desenvolvidos e que, com toda a certeza, se vai acentuar por via desta maior aproximação.”

Fonte: “Observatório de Mação” no Voz da Minha Terra de Julho de 2002, publicado por Nuno Neto


Comentário:

Decorridos 8 anos (e não 8 meses) a realidade veio provar que havia razões para recear que o A23 (na altura IP6) não trouxesse a Mação o desenvolvimento desejado. O nosso concelho está, cada vez mais, falho de iniciativa e dinamismo empresarial.

Seria altura do Presidente Saldanha Rocha explicar o que falhou no seu(s) mandato(s) para que o objectivo a que se propôs, e passa-se a citar, “um dos objectivos do meu mandato passa por alargar a base económica do concelho. O IP6 vai contribuir muito para esse objectivo. Têm existido muitos contactos do exterior, procurando saber o que temos para oferecer”, tivesse falhado.

Porque não alargou a base empresarial? Que razões levaram a que os “muitos contactos do exterior” tivessem redundado em tão parcos investimentos?

Damos a palavra o Dr. Saldanha Rocha e aos restantes membros do seu Executivo Camarário. Embora saibamos de antemão que, em assuntos desta natureza, eles não a queiram tomar.

3 comentários:

Anónimo disse...

Sobre a Geração à Rasca falaram, sobre a demissão do PM nem uma palavra, em 5 dias calados...
Mostram assim a vossa raça

Olho Vivo disse...

Não exijam muito dos homens! Afinal só passaram 8 anos. Ainda estão a montar a estratégia. Nos próximos anos é que vamos ver as empresas a cairem cá como tordos.

Anónimo disse...

Ainda hás de morder a lígua se o Passos ganhar.