segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Uma realidade diferente daquela que nos vendem

José Pires Manso, Professor Catedrático da Universidade da Beira Interior e responsável pelo Observatório para o Desenvolvimento Económico e Social, e Nuno Miguel Simões, Técnico Superior Economista, levaram a efeito um estudo denominado “Indicador Sintético de Desenvolvimento Económico e Social ou de Bem-Estar dos Municípios do Continente Português”.

Este estudo, realizado em 2009 com base no Anuário Estatístico do INE de 2006, visou aferir o nível de desenvolvimento e social ou de bem-estar de cada um dos 278 municípios do Continente. José Pires Manso já tinha realizado o mesmo estudo em 2007, com base no Anuário Estatístico de 2004, pelo que a versão de 2009 permite ainda verificar a evolução registada por cada município durante o período em questão.

O estudo entra em linha de conta com um conjunto alargado de variáveis (49), que incidem sobre vários domínios:

- Condições Sociais: população, educação, cultura / lazer, saúde, segurança, ambiente;

- Condições Económicas: dinamismo económico, mercado da habitação, mercado de trabalho, rendimento / consumo;

- Condições Materiais: infra-estruturas básicas, equipamentos de comunicação, equipamentos culturais, equipamentos de saúde, equipamentos educativos.

Entre os 278 municípios do continente, Mação alcança o 229º lugar. Ou seja, atrás de nós ficam apenas 49 municípios. E o resultado ainda é menos lisonjeiro se tivermos em conta que:

- De 2004 para 2006 Mação baixou 12 lugares (em 2004 tinha obtido a 217ª posição);

- Todos os concelhos mais próximos estão melhor posicionados que nós:

- Constância: 6º (subiu 42 lugares)
- Sardoal: 58º (subiu 70 lugares)
- Vila Velha de Ródão: 122º (subiu 87 lugares)
- Abrantes: 128º (desceu 6 lugares)
- Vila de Rei: 137º (desceu 39 lugares)
- Sertã: 152º (subiu 74 lugares)
- Vila Nova da Barquinha: 163º (desceu 6 lugares)
- Oleiros: 174º (subiu 83 lugares)
- Ferreira do Zêzere: 182º (desceu 7 lugares)
- Proença-a-Nova: 204º (desceu 3 lugares)
- Gavião: 217º lugar (subiu 6 lugares)

Nota: entre parênteses o número de lugares subidos / descidos entre 2004 e 2006).

No sentido de minimizar os resultados deste estudo, haverá quem diga que ele já se encontra desactualizado, pois já passaram 4 anos sobre os dados utilizados.

É um facto que neste período de tempo poderão ter ocorrido alterações nos municípios que os levariam, caso o estudo fosse realizado agora, a obter posições distintas no ranking. Mas, face à forma como Mação tem evoluído nos últimos anos, não é expectável que a sua posição se tenha alterado significativamente.

Outros poderão argumentar que os resultados deste tipo de estudo variam em função dos critérios utilizados (variáveis, ponderadores e métodos de cálculo). E isso pode, efectivamente, acontecer, como os autores têm o cuidado de alertar no próprio estudo.

Mas, se com a utilização de outros critérios os resultados poderiam ser melhores, também poderiam ser piores. Foi o que aconteceu com um outro estudo muito semelhante desenvolvido pela empresa Municípia, o “Indicador de Desenvolvimento Municipal”, que colocou Mação no penúltimo lugar (!) entre os 308 municípios do país.

Mas, independentemente de uns lugares mais acima ou mais abaixo na tabela, há um facto indesmentível que todos estes estudos apontam: Mação situa-se sempre na parte do fundo da tabela e, por regra, fica sempre atrás da grande maioria dos concelhos que lhe estão mais próximos.

Em 2007, quando se divulgou o referido estudo da empresa Municípia, “caiu o Carmo e a Trindade”, com o Executivo Camarário a acusar-nos de utilizarmos um estudo sem credibilidade, apenas com o intuito de denegrir a imagem do concelho. Mas este novo estudo vem confirmar que, se houve alguma falta de credibilidade, não foi do estudo em questão.

Ninguém fica satisfeito com os resultados alcançados por Mação. Mas não os podemos esconder, como quem “sacode o lixo para debaixo do tapete”.

É natural que o Executivo Camarário não se sinta confortável com a divulgação destes estudos, porque eles colocam em cheque a política que têm seguido para o Concelho e desmontam a imagem de um “concelho de sucesso” que, amiúdes as vezes, nos tentam vender.

Mas, se o Executivo Camarário não gosta destes estudos o problema é dele. A verdade tem de ser dita.

2 comentários:

Anónimo disse...

é meu professor o DR.Pires Manso e rigor nao lhe falta

Anónimo disse...

grave, muito grave!e responsáveis, não ha?