quarta-feira, 3 de março de 2010

NÃO MORAM CÁ, NÃO VOTAM CÁ.

Um dos temas centrais da última campanha eleitoral autárquica foi o “eles não moram cá, eles não votam cá”.

Com efeito, houve quem, por falta de melhores argumentos para criticar os 3 primeiros candidatos do PS à Câmara Municipal e o “cabeça-de-lista” à Assembleia Municipal, tivesse utilizado esta arma de arremesso com o nítido propósito de os descredibilizar aos olhos dos eleitores.

Como se o amor ao concelho e a dedicação às suas causa, bem como a competência e a credibilidade de cada um dos candidato à gestão daqueles órgãos, fosse inversamente proporcional à distância que separa a sua casa dos Paços do Concelho.

Mas é um facto que a campanha de intoxicação funcionou. E sabe-se que, à conta disso, o PS perdeu votos nas disputas para a Câmara Municipal e para a Assembleia Municipal.

Quem participou e fomentou essa campanha ficou satisfeito com os resultados alcançados. Mas deveria, pelo contrário, sentir-se envergonhado por utilizar um argumento tão primário e tão mesquinho.

Sabe-se que as campanhas eleitorais são propícias à criação de tensões, que levam, não raras as vezes, à utilização de argumentos irracionais.

Por isso, decorridos alguns meses após as eleições, há que ter a capacidade de ver tudo isto à luz do contexto em que ocorreu e, como costuma dizer-se, “dar algum desconto”.

Mas ainda assim, não deixa de ser triste e lamentável que alguns, ainda que de uma forma pontual e movidos por interesses políticos e eleitoralistas, tenham fomentado a ideia junto das pessoas de que há maçaenses de primeira e maçaenses de segunda.

Pior é haver outros maçaenses, que só pontualmente vivem ou se deslocam a Mação, e também outras pessoas não originárias do concelho mas que decidiram estabelecer aqui o seu local de refúgio, serem alvo dos mesmos comentários.

E mais grave ainda é o facto de, a fazer fé nos desabafos de alguns destes, haver funcionários da Câmara de Mação a “embarcar” também neste tipo de comentários, só porque as pessoas reclamam alguma colaboração ou serviço da parte da autarquia. Para estes funcionários, as pessoas que não votam cá têm menos (ou nenhum) direito de fazer solicitações à Câmara, em virtude desta não receber do Governo Central contrapartidas financeiras relativamente aos que não votam no concelho.

Gente da nossa Terra não merece ouvir isso só porque um dia, por questões pessoais ou porque o não lhe surgiu no concelho a oportunidade profissional que procuravam, decidiu ir à procura de melhores condições de vida noutras paragens. Basicamente por 2 razões:

1º) Porque ao deslocarem-se a Mação estes maçaenses dão um contributo inestimável para a economia local e para a dinamização do concelho. Quantas casas das nossas aldeias não têm sido recuperadas por eles? Quanto dinheiro não injectam na economia local? Quantos não dinamizam de forma muito activa e regular as suas aldeias e as respectivas associações?

2º) Porque, como se disse atrás, não há, nem pode haver, maçaenses de primeira e maçaenses de segunda.

Quem profere tais comentários deveria, antes de os fazer, pensar no que seria o concelho Mação se todos os que vivem fora deixassem de cá vir.

Estes maçaenses não merecem ouvir estes comentários. E, por isso, aqui fica o apelo para que, doravante, se demonstre mais consideração pelos que, sendo do concelho, residem fora dele.

3 comentários:

Anónimo disse...

Acho lamentável que se use essa discriminação.
Mas se a memória não me atraiçoa, foi em 2001/2001 que no interior e no exterior do Partido Socialista se adoptou a "moda". Determinada pessoa não podia ser candidato pois não residia no concelho. Foi tão determinante ou não, que os socialistas de Mação ainda não recuperaram totalmente
Serve só para repor alguma verdade dos factos.
Atento, O

Anónimo disse...

Pela boca morre o peixe... Saldanha Rocha também não vivia cá... e candidatou-se! Muit tempo viveu entre Mação e Lisboa e continua a fazer isso! Os filhos estudam em Lisboa!!! Revelou-se um bom vereador e um bom presidente... Porquê agora criticar aqueles que moram fora e têm raizes cá!! Há que valorizá-los em querer vir para cá!!! Têm o memso direito e devem ter a mesma oportunidade!!

Anónimo disse...

A autarquia não ia investir em novos povoadores? onde estão eles? Afinal querem atrair ou retrair???