domingo, 26 de junho de 2011

Populismo

O Primeiro-Ministro Passos Coelho decidiu que, nas viagens de avião à Europa, ele e os membros do seu Governo passariam a viajar em classe económica em vez de classe executiva. Governantes de outros países europeus também o fazem, diz.

Talvez fosse interessante que Passos Coelho não ficasse por aqui. E porque não adquirir o passe social e passar a viajar diariamente em transportes públicos entre Massamá e S. Bento? Ao que consta, por essa Europa fora também há governantes que utilizam esta forma bem mais económica e ecológica para fazerem as suas deslocações.

Mas voltemos às viagens de avião. Se durante a viagem Passos Coelho quiser ler um relatório confidencial, preparar documentação reservada para uma reunião ou manter uma conversa de estado como um seu governante ou colaborador, como é que faz? Cria uma zona de segurança à sua volta ou aceita partilhar toda a privacidade que um primeiro-ministro deverá ter com qualquer um que esteja sentado na cadeira da frente ou de trás do avião?

A decisão é popular e cai bem junto de muita gente ávida de medidas que, de alguma forma, penalizem os políticos e os governantes. Mas trata-se de um erro porque quanto mais se autoflagela a classe política mais ela fica fragilizada aos olhos da opinião pública.

Já o ano passado Passos Coelho e o PSD cometeram um outro erro ao fazerem aprovar uma redução de 5% no ordenado dos políticos. Não precisamos de governantes a ganharem menos, mas sim que eles desempenhem com rigor, isenção e competência a sua missão.

É um pouco à conta desta visão miserabilista que, por exemplo, um Chefe de Divisão numa Câmara como a de Mação ganha tanto ou mais que um Vereador a tempo inteiro. Um subordinado a ganhar mais que o seu superior hierárquico!

Se Passos Coelho quiser dar exemplos “começando por cima”, tem muito por onde pegar. Mas pegue naquilo que é verdadeiramente importante.

1 comentário:

Ceia Simões disse...

Com os necessários e suficientes ajustes, alterações e modificações reactive-se a célebre Lei de Salazar que determinava que nos órgãos públicos não poderia haver vencimentos superiores aos de nível hierárquico superior! Esta Lei foi revogada por Mário Soares por conter erros. Pena não terem sido antes corrigidos os erros!