quinta-feira, 7 de julho de 2011

Um murro no estômago

A Agência Moody’s baixou a notação de rating da República Portuguesa em 4 níveis, colocando-o num patamar designado por “lixo”.

Tratou-se de uma decisão injustificável e inaceitável, se tivermos em conta que o Governo recentemente empossado dispõe de uma maioria política clara e vai avançar não só com o plano de medidas anteriormente acordado com a Troika, como, inclusive, já sinalizou os mercados que pretende ir para além delas (como é o caso do corte de 50% do valor equivalente ao subsídio de Natal).

Esta decisão da Moody’s gerou uma onda de protestos e críticas em Portugal. Neste 2 dias foram muitos, entre políticos, economistas, associações de classe ou empresariais, jornalistas e comentadores, que se insurgiram contra o facto da agência não ter dado, pelo menos, o benefício da dúvida a quem só agora começa a governar.

Ainda bem que se levantou esta onde de protestos, bem secundada por diversas instituições europeias. A Europa, e em particular os países que se defrontam actualmente com maiores problemas financeiros, não podem deixar-se arrastar para o abismo pelas agências de rating americanas.

Segundo consta, Passos Coelho terá sentido esta descida do rating, imposta pela Moody’s, como “um murro no estômago”.

Se assim foi, talvez seja o castigo para quem, até ao dia 5 de Junho, sempre insistiu na mensagem que o problema estava apenas em José Sócrates no anterior Governo e nunca nas agências de rating.

Passos Coelho, e muitos outros, que agora aparecem a criticar as agências de rating e a clamarem para que a União Europeia adopte uma política concertada contra elas (como é o caso de António Saraiva, presidente da CIP e, ao que parece, o “novo” porta-voz do primeiro ministro), são os mesmos que, até há um mês atrás, sempre assacaram responsabilidades apenas a José Sócrates e ao anterior Governo pela subida das taxas de juro e pelas sucessivas quebras de rating de que Portugal e os seus bancos foram alvo.

Passos Coelho, os partidos da oposição da altura e algumas figuras “ilustres” deste país tinham toda a legitimidade, e nalguns pontos razão, para criticarem o anterior governo. Mas não lhes teria ficado mal um pouco mais de solidariedade para com aqueles que na altura se defrontavam já com este grave problema que alguns entendem ser, mais do que um ataque a algumas economias fracas, um ataque à própria União Europeia e ao euro.

Espera-se que o murro que agora levou no estômago tenha servido a Passos Coelho para aprender que os mercados a funcionar da forma desregulada como têm vindo a funcionar, acabam por não poupar ninguém, inclusive aqueles liberais, como ele, que são seus acérrimos defensores. Mais tarde ou mais cedo todos caem nas suas garras.

7 comentários:

André Serras disse...

Todos sabemos que as agências de rating estão num puro e duro ataque ao Euro, agora dizer que é castigo a Psssos Coelho, é castigo para Portugal que o elegeu.

É impossível comparar o que se sucedeu esta semana, com o que se sucedeu durante a Governação de José Sócrates, pois José Sócrates conseguiu levar Portugal a valores recorde no desemprego, défice e dívida pública, mereceu os cortes que levou, embora alguns possam ter sido exagerados.

Quando um Governo que toma as medidas que tomou, que o PS criticou, e sublinhe-se, dizendo que eram demasiado duras, imagina-se a situação em que estaríamos agora!

Pesquisei no Google por críticas escritas em inglês às agências de rating, e antes de 5 de Junho, em 18 páginas, não encontrei nenhuma, podem haver, mas não da forma como agora estão a acontecer.

Quando comparam este corte ao corte que José Sócrates é puro facciosismo político de quem tenta salvar e limpar a pele sobre aquilo que nos fizeram!

Anónimo disse...

Oh Meu caro Amigo... cá o populucho não "correu" com o brilhante ex-primeiro-ministro que tínhamos? Não "correu" com ele de forma convincente? Não "correu" com ele em eleições democraticamente realizadas? Não ouve tipos do BE que votaram em Pedro Passos Coelho para "correr" com o brilante ex-primeiro-ministro? Bem, se assim foi então, certamente, a populaça não dava crédito algum ao brilhante ex-primeiro-ministro que tínhamos. Nenhum crédito! Ninguém! Muito menos a populaça tuga, certo?
Oh meu Amigo Nuno, deixa lá ir o brilhante ex-primeiro-ministro ir estudar para "Paris de la France": estudar filosofia. A única coisa em que vou discordar desse brilhante e ex-brilhante é que gosto mais de Platão. Mas são gostos...
Forte Abraço

Anónimo disse...

O Passos e o Portas estão a provar o seu próprio fel. Depois de terem criticado tanto o governo do PS e de se colocarem ao lado das agências de rating, estas agora caem-lhe também em cima.
Agora já sabem gritar contra as agência de rating.Costuma dizer-se que com ferros mata, com ferros morre.

Karla disse...

Agora que chegaram ao poleiro já choram baba e ranho devido às Agências estarem a atacar Portugal e a baixar o rating. Mas eu ainda me lembro de ouvir o Passos Coelho dizer que o governo devia prestar atenção aos sinais do mercado. Pois é Passos, agora vais ver o que é bom para a tosse...

Lady Rose disse...

É muito bem feito. Muito gostaram de criticar, pois agora aí têm do mesmo "remédio".

Lady Rose disse...

E oh André Serras, se de cada vez que pronunciasses as palavras "faccioso" ou "faccionismo" te cobrássemos 1€ já estávamos mais próximos de pagar as nossas divídas. Vê lá se trocas o disco, essa "música" é sempre a mesma.

Anónimo disse...

Até o Cavaco agora já tem tempo pra falar.