segunda-feira, 18 de abril de 2011

Mação – Capital da “Oferta” de Presunto

No início deste ano a Câmara de Mação adquiriu a uma empresa do concelho quase uma tonelada de presuntos, mais precisamente 913 kg, pelo valor de € 5.465,03. Segundo o Executivo Camarário, os presuntos destinam-se a oferta.

Esta situação levanta 2 questões, uma relacionada com as ofertas que a Autarquia faz, a outra com o estatuto de “Capital do Presunto” pretendido para Mação.

Relativamente às ofertas que a Autarquia faz, já o ano passado, aquando da análise das Contas de 2009, tínhamos alertado para o gasto excessivo (cerca de € 40.000) em “Prémios, Condecorações e Ofertas”. E o mesmo valor voltou a ser gasto em 2010. Convenhamos que são muitas ofertas e muitos presuntos.

As ofertas continuam muito arreigadas na mentalidade portuguesa. Mas, é tempo de começar a reduzi-las, nas só porque a crise aperta mas, sobretudo, porque elas são sinónimo, não raras as vezes, de um clima de troca de favores instalado na sociedade portuguesa a que importa por cobro.

Acreditamos que não seja essa a intenção do Executivo Camarário que, porventura, as fará mais por uma questão de gentileza e de reconhecimento. Mas não perderia nada em ser mais comedido nesta matéria.

No que concerne à “Capital do Presunto”, é importante ambicionar esse estatuto, porque ele poderá trazer vantagens ao Concelho. Mas, para o alcançar efectivamente, é necessário fazer muito mais que aquilo que já foi feito.

É um facto que “o caminho faz-se caminhado”, mas há troços desse caminho que poderiam e deveriam já ter sido feitos. Como já aqui escrevemos, somos a “Capital do Presunto”, mas o Executivo Camarário não mostra interesse em realizar uma feira que ajude a promover no país essa “capital” que queremos ser e o produto que produzimos, ou em utilizar o site da Autarquia para fazer a sua divulgação. Somos a “Capital do Presunto” mas, quem entra num restaurante do Concelho, dificilmente encontrará um prato de presunto ou de enchidos como entrada.

Entretanto, a Câmara colocou recentemente 2 outdoors na A23 a promover Mação enquanto “Capital do Presunto”. A ideia faz sentido mas perde quase todo o seu impacto, não só porque não se encontra articulada com outras iniciativas, mas fundamentalmente por uma outra razão muito importante: porque estamos a promover um produto que os potenciais clientes depois não encontram à venda.


Muito do presunto produzido no concelho sai daqui sob a forma de “marca branca”, facto que lhe retira a identidade. Entra-se em qualquer grande superfície comercial e não se vê réstia do “presunto de Mação”. Até o célebre presunto Damatta já deixou, no seu rótulo, de ser de Mação.

É um facto que, por altura do último Natal, o presunto “Marca Mação” esteve à venda nalgumas dessas superfícies comerciais. Mas foi “sol de pouca dura”; tal como apareceu, assim desapareceu.

Não é possível lançar e consolidar uma marca comercial agindo da forma como se tem agido. Por outro lado, os tempos difíceis que vivemos retiram capacidade de manobra e financeira às nossas empresas produtoras, que procuram, acima de tudo, resistir à tempestade que sobre elas se abate.

Assim, e enquanto não ultrapassarmos os problemas identificados poderemos arvorar-nos de sermos a “Capital do Presunto”. Mas é difícil que os consumidores nos reconheçam como tal. Esperemos que as coisas mudem rapidamente.

Entretanto, com a sua política de ofertas, o Executivo Camarário já conseguiu que o Concelho alcançasse um outro estatuto: “Mação – Capital da Oferta de Presunto”.

6 comentários:

Anónimo disse...

São cerca de 150 presuntos que a Câmara oferece, fora o resto. Isto anda tudo andam doido!

Olho Vivo disse...

Agora percebi porque em Mação se produz tanto presunto. É para dar resposta às ofertas da Câmara. Sigaaa....

Anónimo disse...

Talvez não se tenha acertado na escolha do presunto como produto de promoção de Mação. Trata-se de alimento não recomendado em termos de saúde pública e de baixo consumo gastronómico. Olhando para os municípios vizinhos, temos a medronheira, o cabrito estonado, o maranho, o bucho recheado. É evidente que não devemos concorrer com estes produtos. Mas parece-me que ainda há alguns outos que poderiam ser pensados: O azeite, o mel, o almeirão. A propósito do almeirão, trata-se de alimento altamente saudável, talvez desconhecido da maioria dos chefes de cozinha e muito apreciado por quem o saborea pela primeira vez, como tive a oportunidade de constatar recentemente.
Quanto aos presuntos para oferta, não comento, na esperança de que algum me seja destinado!

De Mação disse...

A darem tantos presuntos o melhor é começarem a criar porcos. Sai mais barato e o Vasco sempre arranjam mais uns empregos e uns votos para as próximas eleições.

Anónimo disse...

E a quem foram comprados? À Aromação ou à Orange Flame?

Anónimo disse...

Marketing Interno, Promoção de Vendas, Promoçao de "marca cidade"... Conceitos que ainda não chegaram a esses lados... Eu compreendo o porquê deste post.