segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

34 anos depois – Parte II

12 de Dezembro de 1976. 12 de Dezembro de 2010.

Nestes 34 anos ocorreram 10 eleições autárquicas: em 1976, 1979, 1982, 1985, 1989, 1993, 1997, 2001, 2005 e 2009.

Em Mação, em todas estes actos eleitorais os eleitores decidiram dar ao PSD a vitória por maioria absoluta (embora em 1997, quando o PS se aproximou mais do PSD, a maioria tenha sido atingida apenas em mandatos e não em número de votos).

Já lá vão 34 longos anos de poder absoluto do PSD em Mação, durante os quais os seus autarcas sempre governaram o concelho com quiseram. Por isso, pode dizer-se que o concelho que temos hoje é da sua exclusiva responsabilidade política. Se os Executivos Camarários do PSD não fizeram mais foi por falta de capacidade, porque dispuseram de todas as condições políticas para governar.

Nestas quase três décadas e meia fez-se muita coisa no concelho. As necessidades básicas das populações (abastecimento de água e electricidade, arruamentos e estradas, etc.), que em 1976 estavam por satisfazer, estão hoje globalmente cumpridas (embora, quanto aos arruamentos, ainda continuem a existir várias situações por resolver).

Também nos domínios da educação, da cultura ou do apoio social, o salto dado foi significativo, embora aqui os louros tenham de ser repartidos por outras entidades, desde o governo central até às IPSS do concelho.

Mas, muito do que foi feito, mal fora que não o fosse. E não se diz isto para tirar o mérito aos Executivos Camarários sociais-democratas, mas apenas porque a evolução verificada em Mação também ocorreu mos restantes concelhos do país e reflecte, em grande medida, o desenvolvimento económico e social que o país registou nestas últimas décadas.

Contudo, se houve domínios onde o concelho evoluiu, outros houve onde a regressão tem sido evidente e preocupante. Por exemplo, ao nível da população residente, que tem vindo a cair a pique: em 1976 rondaria as 14.000 pessoas, enquanto no final de 2009 já não chegava às 7.000. Só nesta última década, coincidente com o “reinado” de Saldanha Rocha, o concelho perdeu cerca de 20% da sua população.

Diz o Executivo Camarário e dirão alguns que este fenómeno da desertificação ocorreu na generalidade dos concelhos do interior. É um facto, mas é bom não escamotear que em Mação ele aconteceu de uma forma muito mais acentuada, ao ponto de ser o 6º concelho do país que, ao longo das últimas décadas, mais população perdeu em termos percentuais.

Ao longo dos anos os Executivos Camarários, e em particular os liderados por Saldanha Rocha, pouco fizeram para combater este flagelo que corrói o concelho. E o pouco que fizeram manifestamente não deu resultado, como a realidade bem comprova.

E o mesmo aconteceu no sentido de tornar o concelho mais desenvolvido, dinâmico e competitivo, que são precisamente os factores que mais contribuem para a fixação da população.

Onde está o desenvolvimento económico e a dinâmica do concelho? Onde estão as novas empresas? Tudo isto nos tem vindo a ser prometido ano após ano, mandato após mandato, pelos Executivos Camarários do PSD. Mas, o que vemos, é um concelho a definhar a cada dia que passa.

Se o concelho de Mação está na actual situação tal se deve, fundamentalmente, a 4 falhas graves dos Executivos Camarários do PSD:

- Aposta ano após ano nas mesmas políticas, que o definhamento do concelho se encarrega de demonstrar que têm sido erradas;

- Uma actuação centrada fundamentalmente na gestão das “pequenas coisas” do dia-a-dia do concelho, associada a um défice de visão estratégica, que os tem impedido de focalizar a sua acção na resolução dos principais problemas do concelho;

- Incapacidade par gerir, de uma forma eficiente, os bons recursos humanos e os ainda significativos recursos financeiros que têm tido ao seu dispor;

- Um elevado despesismo na actividade corrente camarária, bem como em projectos e iniciativas sem sentido ou com nenhum valor acrescentado para o concelho, que retira capacidade de investimento naquilo que seria verdadeiramente importante para o seu desenvolvimento.


A fim de 34 anos que o concelho leva de “ditadura” do PSD o concelho está no estado que todos conhecemos.

Será que, mesmo aqueles que têm contribuído, eleição após eleição, para as maiorias absolutas do PSD não sentem angústia de verem as ruas do seu concelho cada vez mais despidas de gente? Ou não sentem preocupação por haver cada vez menos desenvolvimento económico que, por sua vez, origina cada vez mais desemprego? Será que nunca equacionaram que, por detrás desta situação, há muita responsabilidade dos Executivos Camarários que têm vindo a eleger?

Há que saber respeitar a vontade dessa maioria de eleitores que tem feito um bom julgamento dos Executivos Camarários do PSD e os tem perpetuado no poder. Mas a evolução negativa do concelho, obriga-nos a não estar de acordo com eles.

Sem comentários: