quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Foram-se as “Oportunidades”

O Centro de Novas Oportunidades (CNO) de Mação está prestes a encerrar as portas. Apenas um "milagre" poderá ainda protelar a decisão por alguns meses. Mas nada mais do que isso.

O fim do CNO de Mação, bem como de muitos outros espalhados pelo país, começou a ser traçado em Maio do ano passado quando Passos Coelho, em pré-campanha eleitoral, classificou o programa Novas Oportunidades como «um escândalo» e «uma credenciação à ignorância».

Da parte do Executivo Camarário também se percebia algum “cansaço” com o projecto que, ao longo dos seus 9 anos de existência, certificou cerca de 1600 adultos de Mação e dos concelhos vizinhos.

Cometeram-se erros no Programa Novas Oportunidades. Num ou noutra situação, terão existido desvirtuamentos. E terão havido Centros que não funcionaram da melhor forma. Mas, ainda assim as “Novas Oportunidades” permitiram a muito adultos deste país melhorarem os seus conhecimentos e as suas competências.

Perante o encerramento do CNO em Mação, não deixam de ser curiosas as afirmações proferidas por Saldanha Rocha e por Vasco Estrela há menos de um mês atrás (15 de Janeiro, data de aniversário do Centro), na última cerimónia de entrega de diplomas de fim de curso a alunos certificados:

“Marcámos e imprimimos felicidade no percurso de muitas pessoas. Os objectivos têm sido largamente ultrapassados e essa é uma ferramenta que pode ser útil para a manutenção deste CNO” (Saldanha Rocha).

“A autarquia irá continuar a fazer aposta neste projecto, tendo sido feitas várias candidaturas e esperamos que continue a certificar. Para o CNO e para a população existem dois caminhos: um é dar e outro é receber. E se se dá a muita gente, também se recebe de volta. Parece que vamos ter sucesso para continuar.” (Vasco Estrela).

Independentemente da avaliação que cada uma faça do Programa Novas Oportunidades, um facto se lamenta: o encerramento dos CNO vai lançar no desemprego alguns milhares de técnicos e formadores, muitos deles jovens qualificados. No CNO de Mação serão 12, das quais metade naturais do Concelho, que ficarão nessa situação.

Mas, no fundo, que importância tem que mais uns “pobre coitados” fiquem desempregados? E que importância tem que, muito provavelmente, nos próximos meses mais umas largas dezenas de milhar de portugueses engrossem esse pelotão?

Eduardo Catroga, sentado em cima do seu ordenado pornográfico, dirá que são “pentelhos”. O nosso ultra-liberal Ministro das Finanças, que ainda ontem afirmou "as metas orçamentais são exigentes, mas são uma prioridade do Governo. Este objectivo é mais importante do que todos os outros.”, terá um entendimento semelhante. E sabe-se que a Senhora Angela Merkel e o Senhor Nicolas Sarkozy subscrevem por baixo.

Como se não bastasse ficarem desempregados, muitos destes colaboradores dos CNO’s ficarão sem subsídio de desemprego porque eram remunerados a “recibo verde”. A lei que os impede de aceder ao subsídio deverá ser alterada nos próximos meses, mas não a tempo de serem abrangidos por ela.

Mesmo confrontados com este duplo azar, os colaboradores do CNO não podem dar-se a lamentações.

Neste país, onde as pessoas terão, se for necessário, de trincar a língua para cumprir as exigências dos “donos da Europa”, não há lugar para pieguices. Neste país, mesmo que percam o seu “ganha-pão”, os homens e as mulheres não choram. Emigram.

3 comentários:

Anónimo disse...

Nove anos a certificar os cábulas do antigamente, nem devia ter começado porque é uma fraude e uma afronta para quem se esforçou quando devia.

Ceia Simões disse...

Promova-se a união e de todas as forças do concelho, políticos, apartidários, religiosos, agnósticos, comerciantes, industriais, docentes, profissionais, agricultores, florestadores industriais e privados, estudantes, associações, etc. em Centro de Desenvolvimento de Mação.
Com a união concertada da capacidade, do esforço, do saber, da competência e da experiência de quem vive e labora em Mação muito se poderá fazer por Mação para que Mação muito possa fazer por todos.

Anónimo disse...

Quando o grupo do CNO de Mação contribuiu para o desemprego de alguns "meros labregos" também não houve respeito pelos mesmos, pelo que retribuo o sentimento. Lutem, TRABALHEM e deixem trabalhar.