sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Conseguiremos evitar o descalabro?

No início de 2005 o INE (Instituto Nacional de Estatística) realizou uma projecção da população residente em Portugal para o período de 2005 a 2050, com desagregação ao nível das NUT III.

Meio século nos tempos que correm são uma “eternidade”, durante a qual poderão ocorrer factos que alterem significativamente aquilo que está a projectar-se para o período. Mas isso não retira importância ao estudo, até porque o INE teve o cuidado do estabelecer 3 cenários quanto à evolução da população no período: um “base”, um mais optimista e outro mais pessimista.

A forma como a população evoluiu no país nestes 5 anos permite concluir que ela está em linha com o cenário base traçado. E o que diz este cenário? Pois bem, em 2050 Portugal terá cerca de 9,3 milhões de habitantes, menos 1,3 milhões que actualmente, o que representa uma quebra de 12,5%.

Esta quebra da população, associada ao seu forte envelhecimento, será, provavelmente, o maior problema que o país vai ter de enfrentar nas próximas décadas.

Olhando agora para a realidade que mais directamente nos toca, constata-se que o futuro afigura-se ainda mais negro que no país, porque a variação da população nestes últimos 5 anos já nos encosta ao cenário mais pessimista traçado pelo INE.

Se este cenário mais pessimista se mantiver, em 2050 o Pinhal Interior Sul (Sertã, Mação, Oleiros, Proença-a-Nova e Vila de Rei) irá ter apenas cerca de 23.000 habitantes, menos cerca de 16.000 que actualmente. O que representa uma quebra de 41%!

E, se assim for, tal significa que a população do nosso concelho deverá rondar as 3.500 almas (menos 50% que actualmente) dentro de 40 anos.

Esperemos que os nossos governantes sejam capazes de encontrar soluções para este enorme desafio que o país vai ter pela frente. Mas, independentemente das políticas nacionais que venham a ser lançadas, cabe-nos também a nós, no “nosso cantinho”, reflectir sobre o problema que temos nas mãos, que é bem mais grave que o do país. E tentar, dentro das nossas possibilidades, dar algum contributo para que seja possível estancar este descalabro populacional que já se verifica e que irá acentuar-se.

Neste dificílimo combate que temos pela frente é fundamental que todos tenham capacidade para unir esforços, deixando de lado as “pequenas coisas” da política do dia-a-dia. Se assim não for, a tarefa passa de difícil a impossível.

Aqui fica a sugestão a quem, no concelho, tem a responsabilidade de liderar um processo desta natureza.

Nota: o facto de Mação já não pertencer ao Pinhal Interior Sul é irrelevante para a análise porque, mesmo estando no Médio Tejo, o resultado acabará por ser o mesmo se não forem tomadas medidas.

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