domingo, 8 de agosto de 2010

8.442? Não. Menos de 7.000!

No stand da Câmara instalado na Feira Mostra do passado mês de Julho um placard indicava, em tamanho bem visível, 8442 habitantes como sendo a população do concelho de Mação, com base nos Censos de 2001.

Efectivamente, esta era a população do concelho à data dos últimos Censos. Mas, desde então, já passou quase uma década, ao ponto de estarem quase “à porta” os novos Censos, que irão realizar-se no próximo ano.

E, neste período, Mação perdeu população a uma velocidade vertiginosa, como indicam as Estimativas Populacionais do Instituto Nacional de Estatística (INE), relativas ao final de cada ano:

- 2001: 8.442 (12/Março – Censos de 2001)

- 2001: 8.214 (-228)

- 2002: 8.077 (- 137)

- 2003: 7.893 (- 184)

- 2004: 7.763 (- 130)

- 2005: 7.584 (- 179)

- 2006: 7.419 (-165)

- 2007: 7.253 (- 166)

- 2008: 7.061 (- 192)

- 2009: 6.916 (- 145)

Ou seja, em 9 anos, que curiosamente coincidem com o “reinado” de Saldanha Rocha e dos seus Executivos Camarários, o concelho de Mação perdeu quase 1/5 da sua população, mais precisamente 18,1%.

Entre os 308 concelhos do país, Mação é o 6º concelho com maior quebra percentual de população desde 2001. À nossa frente, neste ranking indesejado, apenas se encontram Pampilhosa da Serra (-20,3%), Porto (-20%), Gavião (-19,6%), Alcoutim (-19,5%) e Almeida (-18,7%).

Perto de nós, para além do Gavião, encontra-se Vila Velha de Ródão em 7º lugar (-17,7%) e Oleiros em 13º (-15,7%). Depois, mais afastados, surgem Proença-a-Nova em 57º (-9,4%), Vila de Rei em 59º (-9,3%), Sardoal em 67º (-8,4%), Sertã em 75º (-7,2%), Abrantes em 89º (-6,2%) e Ferreira do Zêzere em 116º (-4,0%).

Seria incorrecto e demagógico imputar a Saldanha Rocha e aos seus pares a responsabilidade total por esta quebra tão acentuada da população em Mação. Até porque ela, embora se tenha acentuado nestes últimos anos, teve o seu início antes.

Mas, é um facto, que os Executivos Camarários de Saldanha Rocha pouco ou nada fizeram para combater este flagelo. E, se alguma coisa fizeram, os números demonstram que não tiveram sucesso.

Não é esse o entendimento do Executivo Camarário e do PSD /Mação, que “sacodem a água do seu capote” e empurram a responsabilidade para os Governos da nação.

Há que concordar que, de uma forma geral, os governos centrais não têm feito tudo o que deviam para combater a desertificação do interior. Mas nisso, Mação tem tantas razões de queixa como têm todos os outros concelhos do interior. Ou melhor, tem menos, porque não são muitos os que podem gabar-se de possuírem uma auto-estrada e o rio Tejo à “porta”.

Os números dizem-nos que a grande maioria dos concelhos do interior do país, não obstante enfrentarem as mesmas dificuldades de contexto que Mação, conseguiram reagir melhor ao flagelo da desertificação. Por exemplo, e falando apenas em concelhos próximos do nosso, não só a maioria deles apresenta uma quebra de população bem menos acentuada que a de Mação, como houve alguns, casos de Ferreira do Zêzere, Proença-a-Nova, Sertã e Abrantes que, inclusive, reduziram a quebra relativamente ao período de 1991 a 2001.

Isto é a prova cabal que alguma coisa ficou por fazer em Mação e/ou que os outros fizeram as coisas melhor do que nós.

Mas, se mais provas fossem necessárias, bastaria olhar, por exemplo, para a criação de empresas, tão importantes para fixar população. Desde 2001, quantas empresas novas surgiram no concelho de Mação? Muito poucas, e o número ainda se torna mais irrisório se considerarmos o saldo líquido da criação de empresas (diferença entre as criadas e as extintas).

O Executivo Camarário gaba-se da sua política social em prol da população. E é um facto que, neste domínio, alguma coisa de positivo tem sido feita.

Mas não basta cuidar dos vivos e enterrar os mortos, sob pena de, mais tarde ou mais cedo, não haver nem uns nem outros para tratar. Há que fomentar o desenvolvimento do concelho, porque só assim é possível atenuar a quebra da população.

Mas, infelizmente, desenvolvimento e dinâmica, são coisas cada vez menos vistas em Mação. E, por este caminho, no futuro só poderemos esperar uma quebra de população cada vez mais acentuada.

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