sexta-feira, 9 de março de 2012

Produtos vs Pessoas

Com frequência, há quem exalte alguns produtos produzidos no Concelho: o azeite, o vinho, o mel, o presunto e os enchidos, o queijo de cabra, etc. E considere que eles são melhores que os produzidos noutras regiões.

A partir deste pressuposto, quem assim pensa, convence-se (e procura convencer outros) de que eles poderão facilmente dar um contributo significativo para o desenvolvimento do Concelho.

O raciocínio tem um fundo de verdade. No Concelho de Mação produzem-se, efectivamente, alguns produtos endógenos de excelente qualidade (embora haja uns melhores do que outros e, dentro de cada produto, a qualidade esteja longe de ser homogénea).

Contudo, levando apenas em conta a qualidade dos produtos, é ilusório pensar e defender que eles poderão facilmente ter um impacto forte no desenvolvimento do Concelho.

Para que isso fosse possível, seria necessário produzir e vender muito. Mas esta tarefa não se afigura fácil, nomeadamente por 3 razões.

Em 1º lugar, porque é errado pensar que os nossos produtos são melhores do que os produzidos noutras regiões. Muito do que de bom produzimos em Mação também é possível encontrar, com igual qualidade, noutras regiões.

Perante tanta oferta, muita dela já com “mercado feito”, introduzir novos produtos num mercado cada vez mais concorrencial, é uma tarefa nada fácil, que exige persistência, tempo e dinheiro.

Em 2º lugar porque, produzir em quantidade, com qualidade e em condições competitivas, só é possível através de projectos empresariais bem sustentados. Porque só estes têm capacidade para inovar, criar factores de diferenciação positiva nos produtos e entrar nos circuitos de comercialização.

Uma coisa é produzir azeite ou azeitona numa lógica de agricultura de subsistência ou visando o pequeno mercado de proximidade; outra, completamente diferente e bem mais complexa, é produzi-los numa lógica empresarial.

Mação é um Concelho com um tecido empresarial reduzido porque, ao longo dos anos, as políticas camarárias têm-se revelado frágeis no sentido de promover uma maior capacidade empreendedora e captar novas empresas e novos investimentos. Com a agravante de, presentemente, as (poucas) empresas existentes estarem muito debilitadas pela crise que vivemos. Numa situação destas, não é previsível o surgimento, pelo menos no curto e médio prazo, dos projectos empresariais de que seriam necessários para alavancar de forma significativa a produção dos nossos produtos exógenos.

Por último, somos um Concelho cada vez mais desertificado e envelhecido, que perde população a uma velocidade vertiginosa. E, não tenhamos ilusões: onde não há gente, é quase impossível existir suficiente capacidade empreendedora e inovadora.

Temos capacidade para produzir produtos endógenos com qualidade. Mas, no fundo, falta-nos o mais importante: as pessoas. Sem elas, dificilmente conseguiremos progredir. Mais do que os produtos, são elas o principal factor gerador de riqueza, de dinamismo e de desenvolvimento para qualquer Concelho.


A quebra significativa da população é um problema complexo, cuja resolução não é fácil. E, a cada ano que passa, mais difícil se torna.

Mas isso não justifica que os que governam o Concelho baixem os braços. Eles têm a responsabilidade de tentar encontrar soluções que, pelo menos, minimizem o problema.

Nas últimas eleições autárquicas o PS/Mação apresentou algumas propostas para tentar combater a desertificação do Concelho. Não se sabe se eram boas ou más, porque não foi possível pô-las em prática. Sabe-se apenas que foram apelidadas de demagógicas e impraticáveis pelos que governam o Concelho.

Contudo, decorridos mais de 2 anos de mandato, continuamos a aguardar por propostas alternativas que visem combater a acentuada perda de população. Mas elas continuam sem chegar. Tal como nunca chegaram nas mais de 3 décadas de Executivos Camarários do PSD no Concelho.

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