quarta-feira, 21 de março de 2012

Conseguiremos evitar o descalabro?

O INE (Instituto Nacional de Estatística) levou a cabo em 2005 uma projecção da população em Portugal para o período de 2005 a 2050, com desagregação ao nível das NUT III.

Meio século é uma “eternidade”, durante a qual poderão ocorrer factos que alterem significativamente a análise. Mas isso não retira importância ao estudo, até porque o INE teve o cuidado do estabelecer 3 cenários: um “base”, um mais optimista e outro mais pessimista.

A forma como a população evoluiu até 2010 aproxima-se do cenário base. Este apontava que o país teria cerca de 10,6 milhões de habitantes, enquanto os Censos do início de 2011 indicam cerca de 100.000 pessoas a menos.

E o que diz a projecção, com esse mesmo cenário base, quando se olha para 2050? Pois bem, nessa altura o país terá cerca de 9,3 milhões de habitantes, menos 1,3 milhões que actualmente, o que representa uma quebra de 12,5%.

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Esta quebra da população é preocupante. E mais preocupante será se ocorrer o cenário mais negativo projectado pelo INE, que aponta para existência de apenas 7,5 milhões de habitantes! Menos 3 milhões que actualmente!

Mas mesmo que o pior cenário não venha a ocorrer, a quebra acentuada da população será, provavelmente, o maior desafio que o país terá de enfrentar nas próximas décadas.

A este desafio, já por si difícil de ultrapassar, acrescerá um outro que lhe está directamente associado: o envelhecimento da população que já se regista e que continuará a acentuar-se. Basta dizer que a percentagem de população com mais de 65 anos subirá dos 18% em 2010 para os 32% em 2050!

A confirmarem-se estas projecções (e tudo aponta nesse sentido), não tenhamos ilusões: num futuro mais ou menos afastado, dificilmente continuará a existir o direito à reforma nos moldes como actualmente a concebemos (e a recebemos).


E como será em Mação?

A projecção do INE tem como nível máximo de desagregação territorial as NUT III. Mas, extrapolando os números a partir daí, é possível prever como estará Mação daqui a cerca de 40 anos, ainda que com alguma margem de erro.

De acordo com os Censos 2011, o Pinhal Interior Sul (incluindo ainda Mação) possui 40.705 habitantes, número que está em linha com o cenário base traçado para 2010. Se esta tendência se mantiver, em 2050 a região terá apenas 28.000 habitantes, menos 31%.

Por outro lado, também de acordo com os Censos 2011, o Concelho de Mação possuía 7.338 habitantes, tendo sofrido uma quebra populacional de 13,1% na última década. Se admitirmos que esta percentagem se vai manter nas próximas décadas, em 2050 o Concelho terá cerca de 4.250 habitantes.

A população prevista para Mação em 2050 apresenta alguma consistência com a projecção do INE porque, se aplicarmos o mesmo cálculo aos restantes Concelhos do Pinhal Interior Sul, o resultado aponta para um valor próximo dos 28.000 habitantes (um pouco mais) que a projecção indica.


Conclusão

A projecções são falíveis, nomeadamente quando abarcam um período de tempo tão dilatado. E seria excelente que estas falhassem por defeito.

Contudo, o pior que se poderá fazer é nada fazer para contrariar estas projecções porque, neste caso, a probabilidade delas se concretizarem é muito elevado. Infelizmente, pouco ou nada se tem feito nesse sentido.

Em Mação as projecções apontam, como se constata, para um cenário ainda mais dramático, com a agravante da quebra acentuada da população já se ter iniciado há cerca de 3 décadas. Ao contrário do que acontece no país, onde o problema é mais “recente”.

Custa por isso a entender por que razão os Executivos Camarários do PSD, que durante todo este tempo sempre se mantiveram no poder com maioria absoluta, nunca procuraram combater o definhamento populacional do Concelho de uma forma determinada.

Os sucessivos Executivos Camarários já tiveram tempo mais do que suficiente para lançar um plano de combate ao principal problema que afecta o Concelho. E de o corrigir ou lançar outro, e mais outro, caso os anteriores não estivessem a resultar.

Mas, nestas mais de 3 décadas que levam de governação ininterrupta do Concelho, quase se poderá dizer que os Executivos Camarários têm-se limitado a assistir, quase impávidos e serenos, à derrocada populacional que se abate sobre nós. Até quando esta inércia?

Nota: o facto de Mação já não pertencer ao Pinhal Interior Sul é irrelevante para a análise porque, mesmo estando já no Médio Tejo, o resultado acabará por ser o mesmo se não forem tomadas medidas.

6 comentários:

Ceia Simões disse...

E quais são as propostas para inverter a situação?
O que dizem os especialistas?
Há situações históricas semelhantes nacionais e internacionais com sucesso?
Estou convicto que a solução está muito para lá das filosofias políticas, das filosofias religiosas, da antropologia, das ciências de economia e de finanças, etc.
Hoje a sociedade dita civilizada e evoluída muito se preocupa com os ecossistemas e com a biodiversidade para a sua estabilidade, faz esforços hercúleos manter a fauna e flora em vias de extinção, preocupa-se com as alterações climáticas e estabelece correlações com o dióxido de carbono, sai para fora do planeta para conhecer e estudar in loco o nosso satélite, manda sondas para o espaço para estudar os fenómenos cósmicos e explorar os nossos vizinhos planetas mas não estuda nem se preocupa com o equilíbrio da sociedade humana que vai crescendo e sobrevivendo à custa de desequilíbrios que cria constantemente e que constantemente os vai ampliando.
Mas quais são as fórmulas milagrosas para o rejuvenescimento e auto sustentabilidade saudáveis duma sociedade?
Para as sociedades regidas por sistemas ditatoriais a solução é mais simples do que controlar a população dum aviário e disso há exemplos tristes e reais!
E para as sociedades ditas democráticas. Há que saber virar a página e procurar tão rápido quanto possível iniciar nova forma de vida e de organização sem contudo cortar com tudo radicalmente como é costume após as revoluções mas antes manter sabiamente o que é bom, salutar e útil. Será um virar de página longo mas que com certeza dará frutos sãos e saudáveis.
Tudo tem de começar no berço e ser alimentado e torneado nos bancos da escola e no seio das famílias.
É essencial que os seres humanos sejam educados e instruídos com ideários e com os mais altos níveis de moral e do saber e onde a inoculação de filosofias religiosas e políticas devem ser substituídas com formação sólida isenta de injecções de medos, receios e obscurantismos com força suficiente para poderem ser capazes de assumirem inteligentemente e por si mesmos os seus próprios ideais, crenças e sentido de vivência saudável em sociedade-
Num exército em acção a reorganização e adaptação são constantes dia a dia e hora a hora e hoje também as empresas empreendedoras e dinâmicas estão em constante evolução e adaptação aos mercados servindo-se do que há de novo e melhor.
É estulto que os gestores governamentais continuem a reger-se por princípios conservadores e ideários sem características de adaptabilidade às realidades e muito particularmente à gestão de previsibilidade e segurança com prejuízo para os “accionistas” que são o povo; o esforço é na sua quase totalidade dirigido para a manutenção e sustentabilidade do sistema que servem como se tal fosse vital para a sociedade!
Imagine-se como seria a homogeneidade e vivência duma família numerosa onde os seus membros com cores políticas e sensibilidades religiosas diferentes sem a força de coesão que é o amor e o espírito e de interajuda e apoio familiares?
Os alemães usaram a crise provocada pela segunda guerra para fazerem o que no tempo de Salazar se apregoava mas que nunca foi feito, o aglutinar o pessoal em urbes com dimensão superior à crítica de sustentabilidade, não permitir mais construções isoladas salvo as incluídas em grandes explorações agrícolas e ou pequenas indústrias sustentáveis mas com a condição obrigatória dos acessos e suportes de energia, água e sanidades serem por conta dos próprios e a garantia e responsabilidade de haver capacidade própria de deslocação de segurança em tempo útil.
E se as previsões se confirmarem, e nada for feito, daqui por uns anos a vila de Mação e muitas mais terras deste País serão como Monte Penedo, acampamentos de tenda fixa de existencialistas, isto é, de pessoal que teima em existir isolado a reclamar por iguais condições de suporte e apoio iguais às das grandes cidades.

Carlos disse...

Derrota populacional! Então mas os Senhores Vereadores do PS e que foram eleitos pela população residente no Concelho também não vivem cá. Afinal que democracia é esta?

Anónimo disse...

O actual presidente da câmara também não vivia... E agora?? Uns são filhos, outros são enteados!

Anónimo disse...

O gajo dos pasteis de belém também estava no Canadá e não é por isso que não pode ser ministro. Pela lógica do Carlos se calhar o ronaldo ou o Messi não podiam jogar em Espanha porque são doutros países. Carlos, vai dar banho ao cão!

CARLOS CARIAS disse...

Se neste momento se fizesse os SENCOS e com senso neste momento teria-mos menos uns milhares largos, fruto das oportunidades de emprego criadas por 6 anos de governo PS - Socrates, que levou á debandada geral de mão de obra qualificada, para o estrangeiro, o inicio da inversão já foi feito com a queda do PS e a recuperação da credibilidade externa, o que faltará é passar a pente fino as contas do estado e autarquias e nas rubricas impossiveis de justificar, chamar os responsáveis e obrigá-los a justificar caso não o façam com coerencia, responsabiliza-los por esses gastos como fez a Islândia.

Anónimo disse...

Pela primeira vez leio o Carlos Carias com espanto. No que diz respeito às autarquias se fosse cumprido o seu anseio lá teríamos que o ver à hora da vista nos estabelecimentos prisionais onde alguns dos seus amigos de Mação teriam passado a ter morada.