segunda-feira, 19 de abril de 2010

Protocolos e Articulação com as Juntas de Freguesias

“Em 2010 as freguesias do concelho de Rio Maior vão receber € 590.763 da Câmara por via dos protocolos de descentralização de competências. As despesas de capital vão contar com 273.965 euros, enquanto as despesas correntes das juntas vão consumir 316.798 euros.”

Tal como muitas outras Câmaras do país, a de Rio Maior, por sinal governada pelo PSD, também tem vindo a estabelecer protocolos com as Juntas de Freguesia, através dos quais descentralizam algumas das suas competências, quer de gestão corrente, quer de investimento.

Faz sentido que assim seja, nomeadamente porque:

- Reforça o papel e a importância das Juntas de Freguesias;

- Estando as Juntas de Freguesias mais próximas das pessoas, conhecem melhor os seus problemas e a sua importância relativa e, consequentemente, estão mais habilitadas para os resolver, de uma forma mais célere e eficiente, do que a Câmara;

- Retira à Câmara o poder discricionário de fazer obra quando quer e onde lhe apetece, tornando a relação entre esta e as Freguesias mais transparente, na medida em que é suposto estes protocolos serem previamente negociados com todas e as verbas serem atribuídas de uma forma equilibrada, em função da dimensão de cada uma (no caso de protocolos de âmbito mais “genérico”);

- Reduz significativamente a necessidade das Juntas de Freguesia passarem o ano a pedinchar junto do Executivo Camarário, na medida em que muitos dos pedidos que acabam por acontecer já estariam contemplados no protocolo.

Em Mação, o Executivo Camarário liderado por Saldanha Rocha não considera estes protocolos relevantes e, por isso, não os implementa.

O Concelho e os munícipes só teriam a ganhar com a sua existência, tal como ficariam igualmente a ganhar se o Executivo Camarário adoptasse para com todas Juntas de Freguesia uma atitude mais dialogante, mais articulada, mais planeada e mais igualitária.

É por demais evidente o défice de diálogo, que se faz sentir a diversos níveis: na definição do plano de actividades anuais e do plano plurianual de investimentos para o Concelho, na discussão dos problemas de cada Freguesia, na hierarquização dos problemas de todas as freguesias, em função do seu grau de prioridade.

Pontualmente o diálogo até poderá existir mas, de uma forma geral, o que se verifica em todos estes domínios é uma atitude sobranceira da Câmara para com as Juntas de Freguesia.

Não faria sentido que as Juntas fossem chamadas, antes da elaboração do plano de actividades anual, a dar os seus contributos para este? Não faria sentido que, todos os meses a Câmara realizasse uma reunião com Presidentes de Junta para avaliar o trabalho desenvolvido, discutir novos problemas ou agendar novas intervenções? Não faria sentido que os problemas das freguesias fossem alvo de uma discussão entre o Executivo Camarário e todas as Juntas, daí saindo a sua hierarquização em termos de prioridade de resolução?

Até para salvaguarda da posição da própria Câmara, faria sentido que ela actuasse deste modo porque, assim, co-responsabilizaria as Juntas de Freguesia nas opções tomadas.

Porque isto não acontece, os Presidentes de Junta sentem-se na necessidade de correr atrás do Sr. Presidente da Câmara ou do Sr. Vereador (ou de lhes fazer uma espera à entrada dos Paços do Concelho), de lhes esmolar 5 minutos de atenção, nem que seja para uma conversa ao telemóvel, ou de utilizarem as reuniões de Câmara e da Assembleia Municipal para fazer ouvir a sua voz em assuntos que deveriam e mereceriam ser tratados noutros fóruns e com outra atenção.

Reconheça-se e dê-se mérito ao Executivo Camarário pelo facto de, com alguma frequência, ser sensível aos apelos das Juntas e acabar por colaborar na resolução dos problemas.

Mas isso, por si só, não justifica a sua actuação, a qual é reveladora de alguma falta de respeito institucional por quem também é autarca e também foi eleito com o voto dos munícipes.

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