quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Mesmo em tempo de crise, ainda há bons negócios!

O Executivo Camarário decidiu colocar 30 “porta-estandartes”nas ruas centrais da vila de Mação, com o objectivo de, pontualmente, neles “pendurar” cartazes a divulgar iniciativas que se realizem no concelho.

Nesse sentido, efectuou um ajuste directo à empresa João Brízida – Artes Gráficas, Lda para o fornecimento do equipamento, mediante o pagamento de € 13.860 (+ IVA), assim desagregados:

- € 6.660 (+ IVA) relativos à produção e instalação dos “porta-estandartes” (€ 222 por cada um);

- € 7.200 (+ IVA) pela manutenção dos “porta-estandartes” durante 1 ano, bem como a colocação / mudança de 6 cartazes relativos a outros tantos eventos e a colocação de lamparinas em 2 desses eventos (€ 240 por cada um).

Analise-se o negócio com mais detalhe.


1) Fornecimento dos “porta-estandartes”

Sendo os “porta-estandartes” construídos em tubo de ferro, a João Brízida – Artes Gráficas, Lda subcontratou o seu fornecimento à Fernando Godinho, Lda, de Mação, tendo cobrado à Câmara, como já foi referido, € 222 (+ IVA) por cada um.

Acontece que, de acordo com informação apurada e sustentada num orçamento idêntico solicitado à Fernando Godinho, Lda, o preço cobrado por esta à João Brízida – Artes Gráficas, Lda terá sido cerca de 20% menos que os € 222 cobrados por cada “porta-estandarte” à Câmara. Donde se conclui que o Executivo Camarário teria poupado cerca de € 1.000 ao erário municipal se tivesse encomendado directamente os “porta-estandartes” à Fernando Godinho, Lda.

Confrontado com este negócio na reunião de Câmara, o Executivo Camarário argumentou que adjudicou os “porta-estandartes” à empresa João Brízida – Artes Gráficas, Lda para evitar ser acusado de cometer uma ilegalidade, ao desdobrar o trabalho em duas adjudicações.

Mas este argumento não faz qualquer sentido porque, na realidade, são 2 serviços distintos: por um lado o fornecimento dos “porta-estandartes” e, por outro, o fornecimento dos cartazes. Se assim não fosse, quando, por exemplo, a Câmara adquire uma impressora ficava obrigada a adquirir o “tonner” à mesma empresa. Um argumento que se percebe ter sido utilizado apenas para “atamancar” uma justificação para (mais) um mau negócio do Executivo Camarário.


O Executivo Camarário afirmou ainda na reunião que desconhecia a quem é que a João Brízida – Artes Gráficas, Lda tinha adjudicado os “porta-estandartes”. Mas alguém acredita que o Executivo Camarário não sabia que o fornecedor dos “porta-estandartes” era a Fernando Godinho, Lda? Pela nossa parte não acreditamos e temos razões para assim pensar.

2) Manutenção e colocação de cartazes e lamparinas durante 1 ano

Por cada colocação / mudança de cartazes a João Brízida – Artes Gráficas, Lda cobra à Câmara € 1.200 (240 contos), ou seja € 40 (8 contos) por cada “porta-estandarte”.

Considerando que cada “porta-estandarte” leva 1 aplicação em vinil com 2 faces (2 cartazes), com a dimensão de 50 cm × 70 cm, colado sobre uma “chapa” de PVC alveolar de dimensão semelhante, entendemos que se trata de um preço elevado.

Além disso, no cartaz alusivo à Feira dos Santos a dita “chapa” de PVC não foi colocada (fazendo com que o mesmo enrolasse, dificultando a leitura), o que, devido ao aligeiramento do trabalho, torna o preço pago ainda mais caro.


Para que os leitores possam ter uma ideia mais precisa, aquando da campanha eleitoral autárquica, o PS/Mação pagou € 11,00 por cada cartaz de vinil já aplicado em placa (por sinal com maior dimensão, 90 cm × 60 cm). Mesmo considerando que, no caso dos “porta-estandartes”, são 2 impressões, o preço não ultrapassaria, no máximo, os € 18, o que daria para os 30 cartazes € 540.

Para confirmar estes valores, solicitou-se um novo orçamento a uma outra empresa gráfica, a qual apresentou o valor de € 475 (+ IVA) para os 30 cartazes, frente e verso, aplicados sobre uma placa de PVC.

Ou seja, em ambos os casos os cartazes custam menos de metade que o valor pago pela Câmara.

É um facto que o valor cobrado inclui a colocação dos cartazes. Mas esta tarefa terá um custo reduzido, dado que pode ser feita em muito poucas horas, em virtude da sua simplicidade e dos 30 “porta-estandarte” se estenderem por um percurso com cerca de 1 quilómetro.

Em conclusão, uma consulta a 3 ou 4 empresas teria permitido ao Executivo Camarário obter um preço inferior relativamente ao que se predispôs a pagar pelos “porta-estandartes” e respectivos cartazes.

Nota Final:

A Câmara pode e deve ajudar os empresários do concelho, como por exemplo a João Brízida – Artes Gráfica, Lda, ou outras, mas deverá fazê-lo sempre numa óptica de interesse e defesa do Município e não com o sistemático recurso ao ajuste directo “nu e cru”. Isto é, apenas com uma proposta solicitada sempre ao(s) mesmo(s).

É evidente que a João Brízida – Artes Gráficas, Lda, enquanto empresa privada que é e numa lógica de mercado, limitou-se a fazer um negócio que o Executivo Camarário esteve disponível para fazer.

O que é criticável é que, mais uma vez, o Executivo Camarário realizou um mau negócio e “deitou dinheiro fora”. E este tanta falta faz para dar resposta a outros problemas e desafios do concelho, nomeadamente nesta fase de acentuada crise em que vivemos e em que se anunciam cortes nas transferências da Administração Central para as Autarquias.

6 comentários:

Anónimo disse...

Como é que isto é possível? Andamos todos a ser enganados.

Anónimo disse...

Áh só agora é que percebeste que Mação está a andar no mau caminho?
Hoje fez-se uma manifestação em Lisboa contra ao governo, deviamos era fazer também uma em frente à Câmara de Mação.

Mário Tavares Dias disse...

De todas as despesas apresentadas, aquela que mais me indignou, foi aquela dos quase 8.000 contos que foram parar aos bolsos de José Cid e de uma tal Deolinda. Já ouviram falar em inovação? Todos ao mesmo, com o mesmo objectivo: embrutecer cada vez mais o povo para lhe sacar facilmente os votos.
Quando é que alguém pensa diferente?
Quando reduzem o ruído?

Anónimo disse...

Isto não surpreende porque toda a gente sabe que o Brízida é bom tipo mas é careiro. Mas a culpa não é do Brízida mas da Câmara que não procura negociar melhores preços com os seus fornecedores. E porque é que não o faz? Isso é que é um mistério…

Anónimo disse...

A culpa disto não é do João Brísida. É do Saldanha e principalmente do Vasco que é quem já manda na Câmara.

Anónimo disse...

Ainda há bons negócios, mas não é para o Brizida!!! Ainda faltam 3 anos para o próximo acto eleitoral. Como pensam vocês que se pagam os cartazes eleitorais do PSD feitos no Brizida? Como é óbvio vão-se pagando ao longo dos 4 anos com o dinheiro da nossa Vaquinha. Dirão, mas o Brizida passa factura e eles pagam em cheque, pois ..., e será que o MONEY não dá uma volta e regressa ao mesmo, ou em vez de se facturar 1000 cartazes a 20€, factura-se a 15€, por exemplo, ou ainda melhor, facturam-se só 200 acima do valor de mercado a 25€, para não levantar suspeitas e fazem-se 1000 na mesma, quem é que os vai contar!!! Como estão a ver, existe muita forma de matar pulgas. Mas uma coisa eu sei, o Brizida não ganha mais que o normal com esta trapalhada. O rapaz ainda tem de se socorrer da mão de obra infantil para distribuir os panfletos dos negócios do Presidente.
Não se esqueçam que o esforço financeiro da próxima campanha eleitoral do PSD vai ser pelo menos o dobro dos anteriores. Candidato NOVO.