O mesmo já não acontece com uma expressão utilizada frequentemente pelos membros do Executivo Camarário, quando confrontados com as solicitações dos munícipes: “logo que seja possível”.
Os munícipes ouvem-na e são tentados a acreditar, pelo menos à primeira vez, que o “logo que seja possível” é “coisa para breve”. Mas, com frequência e muito rapidamente, acabam por concluir que a dita expressão é sinónimo de “longo prazo”, por vezes de “uma eternidade”. Que o digam, por exemplo, alguns habitantes S. José das Matas, que desde há 20 anos procuram ver no horizonte um sinal de que a reparação das suas ruas estará para breve.
Recentemente, talvez porque o “logo que seja possível” ameaça gastar-se, tal a frequência com que é utilizado, o Executivo Camarário inventou uma nova “pérola” para responder aos munícipes: a obra será realizada em tempo oportuno!
Não se espera que o Executivo Camarário, perante uma solicitação de um munícipe para que a Câmara proceda, por exemplo, à reparação de um estradão, lhe responda o dia exacto em que pretende ou pode levar por diante a obra. Mas o Executivo Camarário deve ter uma programação de obras e acções a desenvolver, que lhe permita estimar, com alguma margem de segurança, com que timing as pode concretizar.
O que não é aceitável é que, por regra, o Executivo Camarário não dê aos munícipes uma expectativa temporal mais precisa, deixando-os sem saber se o “logo que possível” ou “em tempo oportuno…” significa um mês, seis meses, um ano ou um prazo ainda maior.
Imagine-se um empresário do ramo do comércio que possui uma loja que vende nozes e o seguinte diálogo com um seu cliente:
- Cliente: Bom dia, tem nozes?
- Comerciante: Nozes agora não temos.
- Cliente: Que pena, quando é que acha que me as pode arranjar?
- Comerciante: Esteja descansado, logo que me seja possível arranjo-lhas!
Certamente que o empresário do comércio nunca daria esta resposta ao cliente. Porque, se o fizesse, sabia que não teria as portas do seu estabelecimento abertas por muito tempo.
Nesta situação, como em muitas outras, exige-se que um membro de um Executivo Camarário actue como um empresário do comércio.
Mas o Executivo Camarário “esquece” este princípio por uma simples razão: a Câmara Municipal não actua num ambiente concorrencial, ao contrário do que acontece com o empresário do comércio. Este sabe que, se der uma resposta destas ao cliente, ele vai comprar as nozes noutra loja. Mas o Executivo Camarário não tem esta preocupação porque sabe que o munícipe não pode recorrer a outra Câmara para lhe resolver o problema.
Ao utilizar frequentemente estas expressões o Executivo Camarário não só revela falta de programação da sua actividade, como demonstra igualmente alguma falta de consideração para com os munícipes.
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